Saiba mais

Perturbação do espectro do autismo (PEA)

Tempo de leitura: 2 - 3 minutos

Os dados disponíveis sobre o uso de canabinóides para o tratamento de condições dermatológicas suportam um amplo espectro de aplicações potencialmente úteis. No entanto, é claro que a investigação completa dessas aplicações ainda não ocorreu. Muitos dos dados disponíveis neste momento são pré-clínicos, e há uma escassez correspondente de ensaios maiores, randomizados e controlados neste domínio.1

Psicólogo entre duas crianças

O tratamento médico convencional inclui vários fármacos psicotrópicos, como antipsicóticos atípicos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, estimulantes e ansiolíticos, no entanto o tratamento é apenas dirigido aos sintomas e não à causa de PEA. Visam melhorar a agitação psicomotora, agressividade e sintomas obsessivo-compulsivos. Podem levar a efeitos adversos graves, como nefropatia, hepatopatia, síndromes metabólicas, entre outros.

Infelizmente, 40% das crianças com autismo e comportamentos disruptivos não respondem bem ao tratamento médico e comportamental padrão. Isso acarreta um alto custo para o indivíduo e para a sociedade, fazendo com que a expectativa de vida seja reduzida em 20 anos em pacientes com autismo em comparação com a média da população.

Entre os possíveis tratamentos farmacológicos, as pesquisas direcionaram-se para a investigação do uso de substâncias derivadas da Cannabis sativa. O canabidiol (CBD), um dos principais componentes da planta, tem sido estudado em diversos distúrbios.

Atualmente, evidências preliminares, sugerem que o CBD pode ser util no tratamento de vários sintomas, além de aliviar sintomas ansiosos e fobia social; no entanto, mais estudos são necessários para comprovar sua eficácia.

No autismo, canábis e canabinóides também têm sido usados para tratar condições sintomáticas. O CBD, e alguns outros compostos da planta, interagem com o sistema endocanabinóide e podem modular diferentes aspectos relacionados à cognição, respostas socioemocionais, suscetibilidade a convulsões, nocicepção e plasticidade neuronal, que estão frequentemente alteradas no autismo.

Os receptores CB1 são expressos no SNC e SNP, com uma expressão mais abundante nos núcleos dos gânglios da base e neurónios pré-sinápticos GABAérgicos e glutamatérgicos.

Considerando que o sistema endocanabinóide modula respostas emocionais, humor, reações comportamentais ao contexto e interação social, surge a hipótese de que alterações nesse sistema estariam presentes no fenótipo autista. Níveis reduzidos de endocanabinóides (anandamida (AEA), palmitoiletanolamida (PEA) e oleoetanolamina (OEA)), foram observados em amostras de plasma de 93 crianças com PEA, sugerindo o uso dessas moléculas como possíveis biomarcadores do diagnóstico.

Foi relatado que o CBD pode alterar os níveis dos metabólitos Glx (glutamato + glutamina) e ácido gama-aminobutírico (GABA) – os metabólitos que contribuem para a regulação da neurotransmissão excitatória e inibitória, tanto no desenvolvimento normal como na PEA.

Alguns estudos mostraram que os produtos de canábis reduziram o número e/ou intensidade de diferentes sintomas, incluindo hiperatividade, ataques de automutilação e raiva, problemas de sono, ansiedade, inquietação, agitação psicomotora, irritabilidade, agressividade, perseverança e depressão. Além disso, eles encontraram uma melhoria na cognição, sensibilidade sensorial, atenção, interação social e linguagem. Os efeitos adversos mais comuns foram distúrbios do sono, inquietação, nervosismo e alteração do apetite.

A canábis e os canabinóides podem ter efeitos promissores no tratamento dos sintomas relacionados à PEA, podendo ser utilizados como alternativa terapêutica no alívio sintomático. No entanto, ensaios clínicos randomizados, randomizados, duplamente cegos e controlados por placebo são necessários para esclarecer os achados sobre os efeitos da canábis/canabinóides em indivíduos com PEA.

O primeiro passo é procurar aconselhamento médico.