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Amamentação e consumo de canabinóides

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Os canabinóides estão presentes no leite materno. O THC fumado ou vaporizado pela mãe é quase completamente metabolizado num metabolito inativo, em cerca de 3h. As formas orais podem demorar entre 5 a 10h.

No estudo mais recente publicado por Baker e colegas em 2018, o delta-9-THC tinha sido transferido para o leite materno e as crianças alimentadas exclusivamente por leite materno apresentavam cerca de 2,5% da dose materna.
Amamentação e o consumo de canabinóides

Amostras de leite materno podem conter 11-OH-THC, THC e metabolitos inativos. Níveis de THC e outros metabolitos são encontrados em órgão de crianças. Também, amostras fecais de recém-nascidos podem conter quantidades baixas de metabolitos do THC.

Alguns estudos mostram atraso no desenvolvimento psicomotor em recém-nascidos amamentados por mães usuárias de canábis, enquanto outro não apresentam efeitos sobre o desenvolvimento psicomotor destas crianças. Estes são estudos antigos, contudo.

Sempre se soube da transferência de outros canabinóides para o leite materno, existe, contudo, um verdadeiro lapso de dados em humanos.

Os efeitos da canábis sobre o bebé são difíceis de determinar se a mãe usar canábis durante a gravidez. Existem outros fatores confundidores a serem considerados, como o consumo de tabaco, álcool, etc.

As instituições de relevo não contraindicam a amamentação, pelo contrário, a amamentação é encorajada enquanto é desencorajado o uso de canábis durante a amamentação. Os benefícios da amamentação superam largamente os prejuízos do uso de canábis.

Em resumo, a investigação sobre amamentação e consumo de canabinóides é inconclusiva porque os estudos são confundidores, entre muito pequenos até subgrupos altamente seletivos; recaem quase todos em relatos de casos clínicos, suportados por relatórios médicos sobre que drogas foram usadas; ou não foram controlados para fatores confundidores importantes, como a exposição ao álcool ou ao tabaco, fatores nutricionais, por exemplo.

As guidelines da American Society of Cannabis Clinicians para a amamentação assentam nas seguintes recomendações:

  • Evitar toas as drogas durante a gravidez, isto inclui fármacos, tabaco, álcool, canábis e outras drogas ilícitas;
  • O bem-estar do bebé e da paciente têm de ser considerados. As mães e os seus médicos devem discutir os riscos e os benefícios de usar canábis durante a gravidez. Os benefícios têm de ultrapassar largamente os riscos;
  • Informar os doentes sobre os estudos. As evidências mostram eficácia ou ausência de evidência de malefícios, mas alguns estudos de 2020 já mostram algumas advertências para o uso de canábis durante a gravidez e mais estudos são necessários;
  • Informar as pacientes sobre o uso de polimedicação e as evidências que mostram que fumar canábis isoladamente, pode ser um fator de risco para eventos adversos, mas é obvio que o consumo simultâneo de nicotina, álcool e outras drogas ilícitas podem aumentar significativamente os fatores de risco para outcomes adversos. 

Bibliografia

Baker T, Datta P, Rewers-Felkins K, Thompson H, Kallem RR, Hale TW. Transfer of inhaled cannabis into human breast milk. Obstetrics & Gynecology. 2018 May 1;131(5):783-8.

Perez-Reyes M, Wall ME. Presence of delta9-tetrahydrocannabinol in human milk. N Engl J Med. 1982 Sep 23;307(13):819-20. 

Sexton, Michelle. White paper on Cannabis on Pregnancy & Lactation. 2017

Astley SJ, Clarren SK, Little RE, Sampson PD, Daling JR. Analysis of facial shape in children gestationally exposed to marijuana, alcohol, and/or cocaine. Pediatrics. 1992 Jan 1;89(1):67-77.

Tennes K, Avitable N, Blackard C, Boyles C, Hassoun B, Holmes L, Kreye M. Marijuana: prenatal and postnatal exposure in the human. NIDA Res Monogr. 1985 Jan 1;59:48-60.

O primeiro passo é procurar aconselhamento médico.