Saiba mais

A dor (parte II) - Dor Neuropática

Tempo de leitura: 2 - 4 minutos

Uma nova definição para dor neuropática

A dor neuropática afeta 7–10% da população mundial1.

A dor neuropática atualmente é definida pela International Association for the Study of Pain (IASP) como “dor causada por uma lesão ou doença do sistema somatossensorial e do sistema nervoso”.

Isto substitui a definição anterior de "dor iniciada ou causada por uma lesão primária, disfunção ou perturbação transitória do sistema nervoso periférico ou central". A definição foi revista e atualizada pois o termo “disfunção” na antiga definição, era considerado excessivamente inclusivo e não refletia a fisiopatologia da entidade clínica.

O sistema somatossensorial permite a perceção do toque, pressão, dor, temperatura, posição, movimento e vibração. Os nervos somatossensoriais estão presentes na pele, nos músculos, nas articulações e nas fáscias musculares e incluem termorrecetores, mecanorrecetores, quimiorrecetores, pruricetores e nociceptores que enviam sinais para a espinal medula e, eventualmente, para o cérebro para processamento posterior.

Lesões ou doenças do sistema nervoso somatossensorial podem levar à transmissão alterada e desordenada de sinais sensoriais para a espinal medula e para o cérebro; patologias comuns associadas à dor neuropática incluem neuralgia pós-herpética, neuralgia do trigémio, radiculopatia dolorosa, neuropatia diabética, neuropatia por infeção por HIV, lepra, amputação com dor fantasma, dor por lesão de nervo periférico e acidente vascular cerebral (AVC) na forma de dor central pós-acidente vascular cerebral.

1 International Association for the Study of Pain. Epidemiology of neuropathic pain: how common is neuropathic pain,and what is its impact? Washington: IASP; 2014.https://www.iasp-pain.org/Advocacy/Content.aspx?ItemNumber=3934 [cited 2018 May 1)

Dor neuropática

Tratamento da dor neuropática

O tratamento da dor neuropática deve ser multimodal, podendo incluir:

 

Informação/Educação

A dor crónica neuropática é difícil de diagnosticar e tratar, sendo um desafio clínico para o profissional de saúde. Para o doente, existe uma alteração na sua vida do dia-a-dia, que abrange aspetos físicos, emocionais e espirituais e interfere na sua capacidade laboral e nas relações familiares/sociais.

Técnicas não-invasivas de neuromodulação

A estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS) é uma modalidade não invasiva de electroestimulação através de elétrodos de superfície.
A estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS), embora existam poucos estudos aleatorizados e controlados da TENS na dor neuropática (DNe), parece demonstrar eficácia em algumas situações, como nevralgia do trigémio, nevralgia pós-herpética e polineuropatia diabética, quer de forma isolada quer em associação com terapêutica farmacológica.

Acupuntura e eletroacupuntura

Os seus benefícios na DNe devem-se quer à sua ação local, quer à dos potenciais a nível segmentar e suprassegmentar, bem como ao seu efeito relaxante e com benefício no controlo da ansiedade e das perturbações do sono.
A acupuntura demonstrou-se eficaz na polineuropatia diabética em 39% a 60% dos doentes com neuropatias de múltiplas etiologias.

Intervenções psicossociais

A ansiedade, a depressão, o medo, a frustração ou outras emoções que podem amplificar a dor podem ser alvo de técnicas de intervenção psicossocial.
A terapêutica cognitivo-comportamental procura, através de abordagens psicossociais, melhorar o autocontrolo e as funções, física e emocional.

Medicina Física e de Reabilitação

A Medicina Física e de Reabilitação (MFR) consiste na utilização, com objetivos terapêuticos, de diversas modalidades não farmacológicas e no desenvolvimento do potencial físico, psicológico, social, vocacional, avocacional e educacional do indivíduo, tendo em conta as suas deficiências e limitações ambientais.
A reabilitação associa-se geralmente a uma recuperação ou adaptação mais rápida, ao passo que o não tratamento de alterações como a espasticidade e as contracturas musculares podem agravar a dor, deteriorar as articulações e agravar a limitação funcional.

Radiofrequência

A radiofrequência convencional deve a sua ação a mecanismos neuroablativos. A radiofrequência pulsátil, cuja ação se desencadeia por mecanismos neuromoduladores, tem tido crescente indicação devido à segurança e eficácia clínica que tem demonstrado.

Técnicas invasivas de neuroestimulação

Constituem o patamar mais diferenciado de tratamentos invasivos em dor neuropática, sendo realizadas apenas em centros especializados. Estas técnicas assentam na colocação cirúrgica de elétrodos para estimulação a diversos níveis do sistema nociceptivo: central (córtex, estruturas subcorticais e medula espinal) e periférico 2.

2 Abordagem Terapêutica da Dor Neuropática no Adulto e no Idoso – Direção Geral da Saúde (DGS); Orientação nº 001/2014 de 10/04/2014.

Pessoas de braço dado

O primeiro passo é procurar aconselhamento médico.