O sistema endocanabinóide, parece apresentar um tónus aumentado em determinados distúrbios, principalmente nos estados inflamatórios, como na Doença inflamatória intestinal (DII), mas com certeza também no SII.
Num ensaio controlado, randomizado no qual 52 pacientes saudáveis fizeram doses únicas de 7.5mg de THC VS placebo, e houve um aumento da complience cólica e uma diminuição tónus cólico pós-prandial. Também houve diminuição da pressão intra-abdominal, relaxamento do cólon, suportando a ideia de que estes processos estão sob o controlo do Sistema Endocanabinóide.
Um outro estudo da Mayo Clinic, pacientes com o genótipo rs806378 CT/TT, foi observada uma variação no metabolismo endocanabinóide, associado com SII com diarreia.
Num estudo paralelo, houve uma associação significativamente estatística entre o mesmo gene e o tempo de transito cólico, na variante SII diarreia predominante. Referem que os mecanismos relacionados com o recetor CB1 modificam a sensação e o transito cólico, e pode influenciar o desenvolvimento de sintomas em doentes caucasianos portadores de SII diarreia predominante.
Parece existir uma ralação interessante entre o SII e o microbioma intestinal. Lactobacillus acidophilus, presentes nos iogurtes, por exemplo, quando administrados por via oral induz a expressão do mRNA do recetor CB2 acima do estado de repouso. Há um aumento do efeito anti-nociceptivo da morfina, em modelos pré-clínicos, o qual é bloqueado por antagonistas dos recetores CB2.
Neste artigo, o Dr. Gerard Clarke analisou o papel dos probióticos no tratamento do SII, revelando que 34 em 42 dos estudos demostraram efeitos benéficos para 1 ou mais endpoints ou sintomas alvo, como dor e desconforto abdominal, distensão abdominal, flatulência, e paramentos laboratoriais.
Adicionalmente, a presença de lactobacilos são importantes na estabilização do microbiota intestinal e não são conhecidos efeitos adversos em particular.
Usando um modelo animal de ratos com obesidade DIO, descobrimos que o THC altera o equilíbrio microbiótico afetando o rácio de Firmicutes para Bacterioidetes.
O THC previne um aumento do rácio ou o ganho de peso apesar de uma dieta rica em gorduras, apesar da predisposição genética destes ratos, e isto pode ser a explicação para o porquê do arquétipo correto ser o “hippy magrinho e não obeso”.
As bactérias intestinais benéficas, ou o microbiota e o microbioma, preferem certos tipos de fibra para a sua nutrição, designados de pré-bióticos. Estes incluem inulina para a formação de oligossacarídeos, resistentes ao suco gástrico do estômago que são fermentados por muitas destas espécies de bactérias intestinais. Quando os pré-bióticos estão presentes, estimulam o crescimento de bactérias intestinais benéficas, resultando, possivelmente, em efeitos terapêuticos benéficos.
Os pré-bióticos parecem diminuir a frequência de diarreia infeciosa, melhoria dos sintomas de SII, reduz o risco de cancro do cólon, aumentam a absorção de minerais, reduz o risco cardiovascular e diminui a obesidade.
Antigamente consumíamos mais fibra do que na dieta moderna, a qual contém pouca quantidade e qualidade de fibra. As melhores fontes são a acácia, chicória e a família dos alhos e cebolas.
Um dos primeiros pré-bióticos foi a fibra da acácia senegal ou goma-arábica. É uma fibra não digerível que estimula bactérias intestinais benéficas, aumenta a sobrevida de bactérias probióticas.
Foi testada em voluntários saudáveis e mostrou aumento de Bifidobactérias e Lactobacilos. Não mostrou aumentar a infeção por Clostridium difícil, que é uma infeção hospitalar que causa diarreia e é de difícil erradicação.
Pré-bióticos comuns: Fibra de acácia ou goma arábica, chicória e alcachofras de Jerusalém, raiz de bardana e folhas de dente-de-leão, bem como a os alimentos da família Allium, como o alho francês, cebolas, alhos.
Também são benéficos os óleos essenciais à base de ervas que têm um efeito de reduzir a fome, mas adicionalmente aumentando o fluxo biológico e aumentando a atividade não só na língua, mas também a nível intestinal e cerebral e isto significa que medeiam alguns mecanismos próprios do Sistema Endocanabinóide (ECS - Endocannabinoid System) relacionados com a perda de peso, podendo contrariar assim, o desenvolvimento e evolução da Síndrome Metabólico, apesar de ainda não estar provado.